Quem sou eu

Trabalho desenvolvido para a disciplina Pesquisa Social em Saúde da Universidade de Brasília. Tema: Representações sociais Prof. Miguel Ângelo Montagner

segunda-feira, 20 de junho de 2011

NOSSA PESQUISA

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – FACULDADE DE CEILÂNDIA
PESQUISA SOCIAL EM SAÚDE - Profº: Miguel Montagner
GRUPO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
ALUNOS: EVELYN DANIELLA DIAS DE OLIVEIRA - 09/0037707
LUCAS LOBATO DE SOUZA- 10/0034578
LUÍS CARLOS BEDA DO NASCIMENTO - 10/0016189
NAYANE DOS SANTOS NOGUEIRA - 10/0037461
VANESSA ALVES DA GAMA - 10/0021506

1. TEMA
Preconceito entre estudantes universitários de universidades/faculdades privadas e os estudantes universitários da Universidade de Brasília.
2. PROBLEMA
Existe preconceito entre os estudantes universitários de universidades/faculdades privadas e os estudantes universitários da Universidade de Brasília?
3. HIPÓTESE
H01Não existem associações entre o preconceito e o tipo de universidade/faculdade cursada pelo estudante universitário.
4. OBJETIVOS
Objetivo Geral
Verificar se existe relação entre a expressão de preconceito e o tipo de universidade/faculdade cursada pelo estudante.
Objetivos Específicos
  1. Identificar os principais pontos de conflito entre os estudantes de universidades privadas e a Universidade de Brasília, responsáveis pelo preconceito.
5. JUSTIFICATIVA
A observação do comportamento de alguns jovens universitários das muitas instituições de ensino superior, públicas e privadas do Distrito Federal, promoveu o embate sobre o que os mesmos achavam quanto à questão do preconceito entre as instituições de ensino. A diversidade de opiniões e a argumentação de ambos os lados despertou a curiosidade em aprofundar o tema em questão.
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo o dicionário Aurélio, preconceito [pré- + conceito.] é: “1. Conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia preconcebida; 2. Julgamento ou opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste. 3. Suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc.”
Preconceito é, ainda, segundo o dicionário Michaelis: 1. Atitude emocionalmente condicionada, baseada em crença, opinião ou generalização, determinando simpatia ou antipatia para com indivíduos ou grupos. 2?
Nesse sentido, pode-se definir o preconceito como sendo um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos" em relação ao habitual em uma determinada cultura.
É importante ressaltar a diferença entre discriminação e preconceito, visto que é comum as pessoas confundirem ambos os termos entre si. A discriminação é ato ou efeito de discriminar. Tratamento preconceituoso referente a certos aspectos sociais, raciais, etc. Sendo assim, pode-se deduzir que o preconceito seria algo mais interno ao indivíduo, e não necessariamente, se materializa em atitudes. Já a discriminação deriva do preconceito e se materializa em ações, resultando na exclusão de determinados grupos sociais. A discriminação é freqüente, por exemplo, com grupos sociais, religiosos, raciais e sexuais.
A convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho considera como discriminação toda distinção, exclusão ou preferência que tenha por fim alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão, exceto aquelas fundadas nas qualificações exigidas.
A legislação brasileira procura respaldar o trabalhador, evitando restrições no acesso ao trabalho, que não sejam as naturais decorrentes de melhor ou maior qualificação para a função. Em função disto existem políticas de inserção, através de ações afirmativas para portadores de necessidades especiais, para negros, índios, visando à inserção e conseqüente redução da exclusão.
Portanto, o preconceito é um problema de grande relevância ética e de grande interesse para a sociedade, visto que se trata de um comportamento que cria vários problemas para o homem. Diante disso, e para finalizar, expomos ainda mais uma análise sobre o tema, dessa vez segundo Noberto Bobbio, um grande e importante filósofo político do século XX. Bobbio, ao falar sobre preconceito, diz que ele se constitui de uma opinião errônea que é aceita passivamente, sem passar pelo raciocínio dos indivíduos, ou seja, sem passar por uma análise crítica dos mesmos a respeito do tema.
Em seu livro “Elogio da Serenidade”, no capítulo “A natureza do preconceito” p.117; Bobbio aborda:
"Sei bem que deveria concluir respondendo à pergunta: Mas se o preconceito traz tantos danos à humanidade, teremos como eliminá-lo? Reconheço muito francamente que não sei dar qualquer resposta a uma pergunta deste gênero. Infelizmente. Quem quer que conheça um pouco de história, sabe que sempre existiram preconceitos nefastos e que mesmo quando alguns deles chegam a ser superados, outros tantos surgem quase que imediatamente.
Apenas posso dizer que os preconceitos nascem na cabeça dos homens. Por isso, é preciso combatê-los na cabeça dos homens, isto é, com o desenvolvimento das consciências e, portanto, com a educação, mediante a luta incessante contra toda forma de sectarismo. Existem homens que se matam por uma partida de futebol. Onde nasce essa paixão senão na cabeça deles? Não é uma panacéia, mas creio que a democracia pode servir também para isto: a democracia, vale dizer, uma sociedade em que as opiniões são livres e, portanto são forçadas a se chocar e, ao se chocarem, acabam por se depurar. Para se libertarem dos preconceitos, os homens precisam antes de tudo viver numa sociedade livre.”
Diante da definição de preconceito, hoje podemos observar esse fenômeno em várias esferas da sociedade, mas nosso enfoque nesse trabalho é o preconceito envolvendo universidades (públicas e privadas) e universitários.
Atualmente existe uma grande rivalidade entre universidades públicas e privadas. Ambas querem mostrar que seu ensino é melhor e os seus alunos terão uma melhor chance entrar no mercado de trabalho. A prova do ENADE, exame que avalia cursos superiores, se tornou um campo de guerra, onde faculdades públicas querem se manter como as melhores no Brasil e as particulares não querem ficar para trás.
Esse tipo de pensamento competitivo gera conseqüências ruins entre estudantes de ensino público e privado. A mesma rivalidade que há entre as instituições acaba sendo mais evidente e forte entre os alunos. Não é difícil ouvir comentários como: “Minha faculdade possui melhor estrutura e irei terminar dentro do prazo o meu curso.” Ou ainda: “Eu faço curso em uma universidade federal e meu diploma tem mais valor.”
Esse tipo de pensamento pode levar tanto ao preconceito quanto à discriminação. O preconceito é gerado pela grande diferença que há entre esses dois universos que levam os alunos ao dilema: qual o melhor ensino? Público ou privado? Serei bem sucedido com a escolha que fiz? Já com relação à discriminação, é bem evidente comentários preconceituosos que levam muitos alunos a se sentirem inseguros quanto à qualidade ou estrutura da instituição escolhida, seja ela pública ou particular. E é esse tipo de situação que deve ser evitada para uma melhor harmonia e companheirismo entre os futuros profissionais, independentemente do tipo de instituição que estudam.

7. METODOLOGIA
7.1. Amostra
A amostra deste estudo será de conveniência, composta de 60 estudantes, graduandos em universidades/faculdades públicas e privadas.
7.1.1. Critérios de Inclusão
Para serem incluídos no estudo os voluntários deverão satisfazer os seguintes critérios:
- Estar cursando em universidade/faculdade pública ou privada.
7.1.2. Critérios de Exclusão
Serão excluídos do estudo os questionários com questões em branco ou com conteúdo alheio ao assunto.
7.2. Instrumentos
7.2.1. Questionário anônimo
O questionário consiste em perguntas relacionadas a aspectos comportamentais e hábitos desenvolvidos ou não pelos universitários de instituições privadas e a Universidade de Brasília que possam contribuir ou que estão ligados à questão do preconceito entre instituições públicas e privadas de ensino superior. As respostas são abertas, dando característica qualitativa ao estudo. A identificação não é obrigatória.
7.3. Procedimentos
O questionário será aplicado em sala. Antes da aplicação dos questionários, serão descritos os objetivos do estudo e os procedimentos de preenchimento do questionário. A identificação não será obrigatória. Após o preenchimento, cada universitário deverá entregar o questionário à equipe responsável pela pesquisa.

7.4. Cronograma
2011
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Atualização Biliográfica
X
Elaboração do ante-projeto
X
Teste piloto com questionário
X
Seleção de voluntários
X
Execução do Projeto
X
Análise e discussão dos resultados
X
Preparação para Apresentação
X

7.5. Orçamento
  • 75 Fotocópias de Questionários – R$ 12,00
  • 75 Fotocópias de Termos de Consentimento – R$ 12,00
  • 10 Canetas Esferográficas – Cor Preta – R$ 7,00
  • Transporte – R$ 40,00
TOTAL: R$ 71,00

8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
8.1. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB (IES PRIVADA)
A entrevista realizada na Universidade Católica de Brasília foi muito oportuna, pois em Brasília essa é considerada a melhor das particulares.  Muitos entrevistados apontaram que seu ingresso para essa universidade foi positivo, pois eles possuem ali melhor estrutura e um ensino de qualidade. 
Interessante também notar o apoio dos familiares para esses universitários, pois  90% dos entrevistados afirmaram que seus amigos e familiares ficaram muito felizes com a sua aprovação no vestibular da instituição. Outro fato relevante,  é que 19 dos 20 entrevistados afirmaram não ter sofrido preconceito por estudar nessa instituição.
Nas perguntas subjetivas, ao serem perguntados: “O que você acha da instituição de ensino que você estuda?” muitos responderam que achavam boa sua instituição e que tinha bom ensino, qualidade e recursos. Podemos notar isso nessa oração: “Uma boa instituição que propõe um bom ensino ao estudante, além de diversos recursos”. Na questão: “O que você acha das instituições de ensino que são do mesmo tipo da sua ( publica ou particular)?”, as maiorias dos candidatos afirmaram que depende da instituição, pois nem todas têm qualidade, mas as que eles estudam é a melhor que há. Certo entrevistado escreveu: “ Acho que nem todas as instituições tem o mesmo tipo de ensino”.
A pergunta: Você acha que existe preconceito entre a UnB e universidades privadas? Por quê?,  foi uma pergunta que observamos que eles sentem uma certa diferença em relação a UnB. As respostas dessa pergunta indicaram que eles acham que a UnB e as faculdades privadas possuem uma relação de preconceito entre si e que isso deve ao fato da UnB possuir maior concorrência, tem “nome”, status e melhor qualidade de ensino. Embora eles em uma pergunta anterior afirmassem não ter sofrido preconceito, nessa pergunta eles, em sua maioria afirma que existe sim o preconceito.  E ao serem indagados: ”Como se sente em relação à isso?”, muitos afirmaram que se sentem indiferentes, pois o desempenho profissional depende de cada pessoa. Podemos observar  na fala: “ Eu me sinto bem aqui. O único problema é a mensalidade que é muito alta”, que o único problema para essa pessoa é os altos custos de estudar ali.
Na pergunta: “Você acha que quem estuda na UnB tem vantagem por não pagar mensalidade?”  Os alunos responderam em sua grande maioria que sim, mas que, no entanto um aluno da UnB tem outras desvantagens, como gastos com material, greves e menos infra-estrutura. Observamos isso na fala:  “Sim, pois as universidades já contem muitos gastos.”
A última questão diz: “Em sua opinião, o ensino da UnB é superior, inferior ou está igualado ao das instituições privadas?” Se for comparado com a UCB, a UnB esta igualada, segundo a maioria, mas em relação às demais instituições, a UnB é superior. Certo universitário disse: “Igualado a UnB e UCB. Já em relação as demais instituições a UnB é superior.”
Diante disso, podemos afirmar que a maioria dos entrevistados tem a ciência que existe preconceito, mesmo eles não terem sofrido, e também os motivos que levam essa rivalidade. Alem disso, eles sentem-se bem na universidade que estuda e isso é algo positivo.

8.2. FACULDADE JK – ANHANGUERA (IES PRIVADA)
            A análise dos resultados das entrevistas com relação À Faculdade JK – ANHANGUERA fora dividida de acordo com os aspectos quantitativos e qualitativos, sendo transcritos nessa mesma ordem.
            A primeira questão se referia ao tipo de instituição de ensino superior que o entrevistado estudava. Como se tratava de uma instituição de ensino superior, todos os 21 entrevistados relataram o tipo de instituição superior com “Privada”.
            A segunda questão (Por que você optou por esse tipo de instituição de ensino?) reflete o porquê da escolha da instituição de ensino superior por parte do entrevistado, onde apenas 1  (4,76%) entrevistado enfatizou a questão da melhor estrutura. Apenas 2 entrevistados (9,52%) relataram que escolheram a universidade privada por conta de sua qualidade de ensino. Entre os 21 entrevistados, 3 (14,28%) deles relataram que escolheram a instituição privada tanto pela “melhor estrutura” quanto pela “ melhor qualidade de ensino”. A maioria (15 entrevistados – 85, 72%) relatou que nenhum dos motivos anteriores se adequava ao porque da escolha da instituição privada.
            Com relação à reação de familiares e amigos quanto à aprovação no vestibular na instituição privada, terceira questão, (Qual foi a reação da sua família e amigos ao saber que tinha passado no vestibular dessa instituição de ensino superior?) 13 (61,88%) entrevistados informaram que os pais e amigos “ficaram muito felizes” com a aprovação. Cinco (23,8%) entrevistados informaram que os pais e amigos “ficaram indiferentes” quanto à aprovação. Nenhum entrevistado relatou que os pais e amigos “acharam ruim” o fato de serem aprovados no vestibular dessa instituição de ensino superior privada. Apenas 3  (14,28%) entrevistados informaram outros  motivos além dos presentes na pesquisa, como a questão de omitir a aprovação (“não contei.”), relato de entrada por outros sistemas de seleção [“não fiz (o vestibular) nesta instituição”].
            Com relação ao relato de preconceito por estudar na instituição de ensino superior privada, quarta questão, (Você já sofreu algum tipo de preconceito por estudar no tipo de instituição de ensino superior?), apenas 5 (23,80%) dos entrevistados informaram que já sofreram algum tipo de preconceito enquanto que 16 (76,20%) relataram que nunca sofreram ou observaram qualquer tipo de atitude que pudesse ser interpretada como preconceito.
            Nas questões abertas as opiniões variaram bastante, sendo divididas de acordo com a proximidade entre as mesmas. Na primeira pergunta, “o que você acha da instituição de ensino que você estuda?”, uma parcela significativa respondeu que a instituição de ensino superior em que estudam é “boa, porém, necessitava de melhoria”s (“Acho boa, porém poderia investir em algumas melhorias para os alunos.”) em alguns setores, como investimentos em setores administrativos (“Boa, mas com algumas falhas na parte administrativa.”) e com relação aos professores (“[...] por vezes deixam de cumprir o verdadeiro papel de educadores.”). Uma outra parcela descreveu a instituição de ensino superior que estudam como “regulares”, salientando que a importância do tipo de instituição não deveria ser levado em consideração para a avaliação da capacidade do indivíduo e como qualquer tipo de estabelecimento, instituição etc., ela dispõe de problemas, mas também tem suas qualidades e vantagens, sendo que isso não deveria ser critério para desvalorizar ou supervalorizar a mesma (“Como em qualquer ambiente, existem problemas, o que não torna a instituição menos importante ou de menor qualidade.”), e sim, a competência e interesse demonstrados pelo graduando e futuro profissional (“É indiferente, pois o aprendizado depende do aluno e não só da instituição.”). Várias pessoas responderam que a instituição em que estudam atende às necessidades que os mesmos buscavam na graduação (“Acho que o ensino é muito bom, a estrutura é diferenciada e os professores bem mais qualificados.”). Os entrevistados citaram fatores como o cumprimento de cargas horárias e a qualidade de ensino e dos professores, além da estrutura dos laboratórios de pesquisa e a impossibilidade de greves, como vantagens para a escolha da instituição de ensino superior privada que estão graduando (“Qualificada para uma futura carreira profissional [...]).
            Com relação à segunda pergunta, “O que você acha das instituições de ensino que são do mesmo tipo da sua (pública ou particular)?”, as opiniões circundaram na seriedade e no comprometimento dos estudantes com relação ao curso e à instituição em que estudam (“Todas têm seus méritos, quem faz a diferença é o aluno.”), além de algumas poucas opiniões se referirem às demais instituições de ensino superior privadas serem superiores em termos de estrutura, qualidade de ensino (“Tem o diferencial curricular e da organização.”) e reconhecimento no mercado (“Estão em um nível avançado.”) quando comparadas à instituição em que o entrevistado estuda (“Várias delas me parecem bem sérias.”). Outro ponto de destaque foi a descrição quanto às deficiências das demais instituições privadas de ensino superior (“[...] algumas particulares não possuem laboratórios de pesquisa com estrutura e equipamentos relativamente caros.”) e quanto à dificuldade na acessibilidade, principalmente com relação aos aspectos financeiros envolvidos na manutenção (mensalidades) nas demais instituições de ensino superior privadas, além da falta de qualificação dos profissionais (“[...] Mensalidades altas, alguns professores não tão qualificados, inexperientes.” “Algumas ficam devendo muito em qualidade de ensino.”).
            A terceira pergunta, “Você acha que existe preconceito entre a UnB e universidades privadas? Por quê?”, contribuiu de modo direto para os resultados da pesquisa, pois se tratava de uma pergunta-chave. A maioria dos entrevistados respondeu que “sim, existe preconceito entre as universidades públicas e privadas”, sendo as respostas fundamentadas a partir de fatores como a preferência de alunos de instituições públicas no mercado de trabalho (estágios e empregos), o desvaloriza e subestima a capacidade do profissional formado ou graduando de uma instituição de ensino superior privada (“Sim, pois no mercado de trabalho os alunos da UnB conseguem maior espaço.”); outro fator utilizado no embasamento da afirmação positiva quanto ao preconceito foi a condição de superioridade, que segundo alguns entrevistados, os estudantes da UnB acham que tem por estudarem na mesma, pois julgam que o ingresso mais complexo da universidade pública comparado ao privado é um fator que os colocam como “melhores ou superiores” (“Acredito que os alunos da UnB se acham melhores.” “Existe um pouco por parte de quem entra na UnB, porque é fácil passar no vestibular privado.”). Citaram que os estudantes das instituições públicas utilizam a expressão “pagou, passou...” para denegrir a imagem da instituição privada. Outro aspecto abordado para a afirmação do preconceito foi que os estudantes das instituições públicas dispunham de professores e estrutura diferenciadas, que são supervalorizadas no mercado, limitando as oportunidades às instituições públicas (“Sim, pois ela possui nome e a estrutura física e curricular melhor.”). A minoria que respondeu á pergunta de modo negativo frisou que ambas as instituições têm suas qualidades assim como limitações, e que existem casos de estudantes que se interessam pela troca entre as instituições públicas e privadas (“Acho que não. Tem muitas pessoas que trocariam faculdades privadas pela UnB. Enquanto alguns alunos da UnB gostariam de estudar em universidades privadas.”). Também frisaram que a questão do preconceito varia de pessoa para pessoa e que esse tipo de atitude reflete os quão imaturos estudantes são.
            A quarta pergunta “Como você se sente em relação a isso?”, se refere ao sentimento provocado nos estudantes pelo possível preconceito que fora percebido entre estudantes de instituições públicas e privadas. A maioria dos entrevistados relatou que esse tipo de situação é indiferente na vida dos mesmos, pois a competência e a responsabilidade do graduando e do profissional já formado será gerado pelo próprio estudante e não pela instituição de ensino que ele estudou (a) (“Para mim não faz diferença essa discriminação, pois quem faz seu caminho de estudos e sua carreira profissional é o aluno esforçado e interessado em obter novos conhecimentos, independente se for universidade pública ou privada.”). A minoria se sente desprivilegiada e impotente com a questão, frisando que o tipo de instituição não deveria ser utilizado como fator para seleção do profissional e sim, a competência do indivíduo (“Desprivilegiada, pois não é a instituição propriamente dita que diz se o estudante é capaz ou não.”).
            A quinta pergunta, “Você acha que quem estuda na UnB tem vantagem por não pagar mensalidade, tinha como objetivo promover a reflexão de que só essa questão impera na vantagem de se estudar numa instituição pública ou se tem algo além disso, onde os entrevistados deveriam comentar. A maioria respondeu que o fato de não pagar mensalidades é sim uma importante vantagem, porém, devido aos demais fatores como uma difícil localização, gastos extras com xérox e alimentação, além dos deslocamentos, comprometem essa vantagem inicial (“Vantagem em termos, porque existem outras despesas na universidade para serem gastas, como passagem, alimentação, livros, xérox e outros.”). O restante frisou que não há vantagem no fato de não se pagar mensalidade, embasados no fato de que as instituições privadas não asseguram o ritmo necessário à graduação por conta das sucessivas greves que afetam a progressividade do curso (“Não, pois apesar de não pagarem mensalidade, o número de greves é bem maior e a localização da UnB gera custos com transportes.”). Uma minoria falou que a vantagem está no reconhecimento do mercado que a UnB tem e também a questão da qualidade do ensino e do currículo oferecidos pela mesma (“Não, por não pagar mensalidade, mas têm vantagens por causa do currículo que a UnB vai oferecer.” )
            A sexta pergunta, “Em sua opinião, o ensino da UnB é superior, inferior ou está igualado ao das instituições privadas?”, se refere à avaliação dos entrevistados com relação à qualidade de ensino da Universidade de Brasília. A maioria dos entrevistados respondeu que a UnB possui o ensino “superior” quando comparado com o das instituições privadas (“[...] creio que seja superior sim.”). Fatores como currículo diferenciado, grade horária, infra-estrutura, qualificação dos profissionais e a ausência de mensalidades, foram citados como diferenciais que tornam a instituição pública superior às privadas (“Acho que o nível de ensino é melhor, os professores (a maioria) possuem especializações (mestrado, doutorado, etc). Mas hoje em dia, as instituições privadas têm melhorado bastante na qualificação dos profissionais (professores).”). Alguns poucos acham que o ensino é “igual”, mas ressaltaram que a diferença quem faz é o próprio estudante. (“Eu acho que é igual, quem vai faz a diferença é o aluno.”). Uma parcela significativa afirmou que o ensino da UnB é inferior, principalmente por conta das greves, localização e falta de estrutura, o que compromete a imagem da universidade (“Atualmente, devido a tantas greves e falta de estrutura local, está sendo inferior em relação às outras instituições.”).

8.3. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB (IES PÚBLICA)
Os resultados da pesquisa realizada com estudantes da Universidade de Brasília – Faculdade de Ceilândia indicam que a maioria dos entrevistados optou estudar nessa instituição devido à alta qualidade de ensino oferecida por essa Instituição de Ensino Superior (IES), somada à sua estrutura e seu reconhecimento perante a sociedade. Alguns entrevistados citaram o fato de o seu curso não ser oferecido pelas IES privadas do DF e de ter apenas na UnB.
Ao questionarmos sobre a qual foi a reação da família e amigos quando souberam que o entrevistado havia sido aprovado no vestibular da UnB, grande parte (90%) afirmou que eles ficaram muito felizes e apenas 10% dos familiares e amigos se mostraram indiferentes.
Quando perguntado se já haviam sofrido preconceito por estudarem em faculdade pública, 30% dos entrevistados afirmaram já ter sofrido algum tipo de preconceito. Em especial devido ao campus em qual estuda, não ser o principal da IES e apresentar problemas de estrutura física.
Em outra pergunta sobre o que os estudantes achavam da IES em que estudam, foram citados alguns pontos positivos e outros negativos. Entre os fatores positivos estão: alta qualidade de ensino e pesquisa; bom nível de professores; alto nível de exigência dos alunos; instituição preocupada com o desenvolvimento científico e social; oportunidade de crescimento profissional; IES reconhecida socialmente e no mercado de trabalho. Entre os pontos negativos foram mencionados: professores mal educados e que destratam os alunos; estrutura física ruim; necessidade de melhoras em alguns aspectos.
Já ao se avaliar a opinião deles sobre as outras IES que são do mesmo tipo da UnB, ou seja, outras IES públicas, também foram referidas aspectos positivos tais como: IES que são motivo de orgulho; gratuidade, qualidade de ensino e pesquisa; patrimônio dos brasileiros; instituições sérias com função social; possuem um “nome” valorizado socialmente; e aspectos negativos tais como: problemas do ensino público no Brasil; estrutura precária; precisam melhorar; e que não deveria existir vestibular para ingressar nelas, mas sim vagas p/ todos.
            Sobre as IES privadas os estudantes citaram como prós: os bons recursos e a boa estrutura física que geralmente é apresentada pelas privadas; o fato de não possuírem greves; e a questão da maior flexibilidade horária para os alunos. Como contras foram levantados fatores como: as altas mensalidades, o fato de muitas visarem apenas o lucro; ensino deficiente; não investirem em pesquisa; e ensino mecanizado (“não fazendo com que o aluno pense/desenvolva habilidade crítica”)
            Indagados sobre a existência de preconceitos entre alunos de IES pública (UnB) e alunos de IES privadas, a maioria (80%) afirmou existir sim preconceito entre as IES e entre os alunos da pública para com a privada devido a alguns fatores como o sentimento de superioridade de alunos da UnB, vestibular mais rigoroso das IES públicas, já que nas privadas “pagou passou” conforme um dos entrevistados, qualidade de ensino melhor na UnB. E também preconceito das particulares para com a UnB devido novamente ao sentimento de superioridade de alunos da UnB; às greves e à estrutura precária da UnB. Além disso, outros pontos foram colocados como: “Alunos de particulares acham que todos da UnB são metidos”; “Há preconceito de ambas as partes”; “Há preconceito, mas há respeito” (como se o preconceito estivesse apenas na “cabeça” das pessoas, e que de fato não se concretizasse em ações discriminativas); “Existe uma disputa entre as IES para vê quem é a melhor”.
             Diante dessa questão sobre o preconceito, quase 40% dos graduandos disseram se sentir normal com relação a isso, e pouco mais de 30% disseram se sentir indiferente. Apenas 12% afirmaram se sentir bem e aproximadamente 20% se sente incomodado ou revoltado.
Oitenta por cento dos graduandos concordaram que quem estuda na UnB tem vantagem por não pagar mensalidade, apenas 20% discordaram. Entre as respostas citadas destacaram-se: “Sim, pois os custos são altos em privadas”; “Sim, mas aqui o aluno também gasta com alimentação, livros, materiais de estudo e alguns casos com transporte, invalidando a falsa idéia de que aqui tudo é de graça”; “Sim, pois além da questão financeira, tenho a oportunidade de me dedicar integralmente aos meus estudos”, esse comentário é interessante, visto que alunos de particulares geralmente não se dedicam integralmente aos estudos, pois precisam trabalhar para pagar a faculdade; “Sim, pois além de não pagar, ainda recebo bolsa de estudo”; e “Não é bem uma vantagem, mas sim um direito, visto que pagamos impostos”.
Ao se questionar se, na opinião deles, o ensino da UnB é superior, inferior ou está igualado ao das instituições privadas, algumas respostas resumem o que se constatou na maioria das entrevistas. “Depende de qual universidade particular se fala”; “Igualado a UCB, mas superior as outras privadas”; “UnB é superior em ensino, pesquisa e extensão”; “Depende do curso”; “Superior em alguns pontos, mas inferior em outros”;“No geral é superior, conforme o ENADE, mas alguns cursos são inferiores”; e que “O estudante é quem faz a universidade e não o contrário. O interesse de aprender deve partir do estudante”

9. CONCLUSÃO
A maior parte dos entrevistados diz existir sim esse preconceito, maior por parte dos estudantes da Universidade de Brasília para com os estudantes de universidades privadas. Para a grande parte das respostas obtidas, a UnB possui vantagem em partes por não pagar mensalidade, pois não possuem esse gasto, mas as dificuldades como passagens, alimentação, xerox, greves,  falta de estrutura, etc.  tornam-se um problema para os estudantes da universidade pública.
Percebeu-se que embora muitas respostas em comum a todos os entrevistados, apareceram notáveis diferenças em relação às universidades/faculdades privadas escolhidas para a aplicação do questionário, como por exemplo, em relação ao ensino da Universidade de Brasília, na faculdade JK ANHANGUERA a maior parte dos entrevistados disseram ser superior ao das universidades/faculdades privadas, enquanto na Universidade Católica de Brasília, a maioria respondeu que o ensino está igualado ou inferior ao da UCB. Há diferença também em relação à reação dos parentes e amigos ao saberem do ingresso em determinada instituição, no JK, muitos responderam que houve indiferença, na UCB, as respostas quase em peso foram que ficaram muito felizes, assim como a maioria dos estudantes da UnB. Enquanto na Universidade Católica de Brasília, 19 dos 20 entrevistados disseram não ter sofrido preconceito por estudarem na instituição que estudam, no JK houve um número considerável de estudantes que afirmaram já ter sofrido preconceito.
Quanto aos estudantes da UnB-FCE, muitas respostas destacavam um número significativo de sofrer preconceito por causa de sua IES até mesmo pela falta de estrutura. Citaram pontos negativos e positivos sobre instituições públicas e privadas, a maior parte disse existir sim a vantagem de não se pagar mensalidade, embora existam outros gastos que acabam tirando a ideia de que tudo é de graça.
A resposta mais destacada por todas as instituições foi que o estudante é quem faz a instituição e não o contrário, sendo assim independente da IES, o estudante pode se tornar um bom profissional.
Concluindo, existe sim o preconceito entre instituições de ensino superior (privadas e públicas), embora muitos tenham falado que nunca sofreram preconceito por causa de sua instituição de ensino, todos mostraram ao decorrer das respostas esse preconceito, alguns se expondo mais como opressores e outros mais como oprimidos, mas o preconceito estava presente em cada resposta obtida.


10.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p.
2) MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998-(Dicionários Michaelis). 2259p.
3) Convenção n.º 111 da OIT, sobre a Discriminação em matéria de Emprego e Profissão - Adaptada pela Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho na sua 42.ª sessão, em Genebra, a 25 de Junho de 1958 - DECRETO Nº 62.150, DE 19 DE JANEIRO DE 1968
4) BRASIL. Constituição (1988). Constituição da? Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.
5) Bobbio, Norberto. Elogio da serenidade e outros escritos morais. Tradução Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Editora UNESP, 2002.


APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO ANÔNIMO
1) Você estuda em que tipo de instituição de ensino superior?
( ) Pública ( ) Privada
2) Por que você optou por essa esse tipo de instituição?
( ) melhor estrutura
( ) melhor qualidade de ensino
( ) todas as anteriores
( ) nenhuma das anteriores

3) Qual foi a reação da sua família e amigos ao saber que tinha passado no vestibular dessa instituição de ensino superior?
( ) ficaram muito felizes
( ) ficaram indiferentes
( ) acharam ruim
( ) outros

4) Você já sofreu algum tipo de preconceito por estudar no tipo de instituição que estuda atualmente?
( ) Sim ( ) Não
5) O que você acha da instituição de ensino que você estuda?
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6) O que você acha das instituições de ensino que são do mesmo tipo da sua (pública ou particular)?
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7) Você acha que existe preconceito entre a UnB e universidades privadas? Por quê? (De uma para a outra)
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8) Como você se sente em relação à isso?
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9) Você acha que quem estuda na UnB tem vantagem por não pagar mensalidade?
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10) Na sua opinião, o ensino da UnB é superior, inferior ou está igualado ao das instituições privadas?
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Estamos realizando um trabalho de pesquisa sobre preconceito entre alunos de instituições publicas e privadas.
Asseguramos que todas as informações prestadas serão sigilosas e utilizadas somente para esta pesquisa, e que você poderá cancelar o uso das informações prestadas em qualquer momento antes da publicação dos resultados, sem qualquer prejuízo. A divulgação das informações será anônima e em conjunto com as respostas de todo o grupo de pessoas, por meio de artigos científicos, relatórios, apresentações em congressos científicos, reportagens. Ela não acarreta nenhum gasto nem remuneração para você, muito menos algum risco. Nós nos responsabilizamos pelo caráter confidencial das informações, de maneira que a sua identidade não seja exposta nas conclusões do trabalho. Se você tiver alguma pergunta a fazer antes de concordar em responder a esse questionário, sinta-se à vontade para fazê-la. Segue abaixo os dados da pesquisa e os responsáveis.
Projeto: Preconceito IES pública x privada
Objetivo: Verificar se existe relação entre a expressão de preconceito e o tipo de universidade/faculdade cursada pelo estudante. Objetivo específico: Identificar os principais pontos de conflito entre os estudantes de universidades privadas e a Universidade de Brasília, responsáveis pelo preconceito.

Procedimento: (Entrevista através de questionário padrão com alunos de nível superior).
Responsável:   Prof. Dr. Miguel Ângelo Montagner  - UnB FCE.
                        Fone: 33767487/33766042
Faculdade de Ciências da Saúde Comitê de Ética em Pesquisa 3307 3799
Pesquisadores: Alunos


Autorizo o uso das informações prestadas no questionário para fins acadêmicos e de pesquisa, conforme os itens acima:
                      
Entrevistado:
Nome: _________________________________________    Ass: ____________________                       

Responsável Legal (se necessário):
Nome: _________________________________________ Ass: ____________________                   
                                                                                                
Data:____/____/200_  Entrevistador: ___________________Ass: _____________
(Guarde a 2ª via deste termo para consulta)



Postado por: EVELYN DANIELLA DIAS DE OLIVEIRA, LUCAS LOBATO DE SOUZA, LUÍS CARLOS BEDA DO NASCIMENTO, NAYANE DOS SANTOS NOGUEIRA e VANESSA ALVES DA GAMA 

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